Resenha: Senhora

setembro 24, 2017




Senhora conta a história de Aurélia Camargo, uma jovem da sociedade fluminense do século XIX que, após herdar as posses que eram do seu avô, resolve se casar. Mas, ao invés de escolher um rapaz dentre os tantos que a cortejavam, determina-se a casar com aquele que um dia a trocou por um dote (a quantia paga pela família da moça para o noivo) de 30 e poucos contos de réis. Ela, magoada, quer se vingar de Fernando Seixas, humilhando-o ao "comprá-lo" (o casamento é visto como uma transação comercial) por 100 contos de réis. Eles casam, com uma condição de Aurélia: eles devem aparentar o casal perfeito, para a sociedade.



Com uma escrita um pouco difícil devido a linguagem da época "Senhora" não foi uma leitura tão rápida quanto eu esperava, mas isso não quer dizer que foi ruim, pelo contrário, foi uma leitura muito prazerosa..
Ambientada no Rio de Janeiro, o romance conta a história de Aurélia Camargo, uma moça bela, inteligente e de muita personalidade que vive uma desilusão amorosa ao ser trocada por uma moça mais rica. Ao receber uma herança, Aurélia decide comprar o homem que amou para humilha-lo. 
No início já sabemos que Aurélia é uma mulher muito inteligente, bela, rica e tem a personalidade forte, ela é uma típica mulher idealizada do romantismo. Seixas é um homem pobre que busca através do casamento uma melhora na sua posição social. Passadas algumas páginas, o autor revela o passado dos dois protagonistas, e essa foi a parte que me fez engrenar a leitura, pois o começo é um tanto chatinho. Depois de conhecida a história por tras do ato de Aurélia, acaba-se torcendo para que ela consiga ensinar uma lição a Seixas, mas ao mesmo tempo que eles fiquem juntos.


"Vendido sim; não tem outro nome. Sou rica, muito rica, sou milionária; precisava de um marido, traste indispensável às mulheres honestas. O senhor estava no mercado; comprei-o. Custou-me cem mil cruzeiros, foi barato; não se fez valer. Eu daria o dobro, o triplo, toda a minha riqueza por este momento."


"Eu tinha um ídolo; o senhor abateu-o de seu pedestal, e atirou-o no pó. Essa degradação do homem a quem eu adorava, eis o seu crime; a sociedade não tem leis para puni-lo, mas há um remorso para ele. Não se assassina assim um coração que Deus criou para amar, incutindo-lhe a descrença e o ódio"

O jogo de palavras entre os dois é fascinante, nos faz perceber os mais profundos sentimentos por trás de tudo o que é dito. A linguagem é muito rebuscada, o que algumas vezes pode dificultar a leitura, mas também torna agradável e admirável, pois faz o leitor se sentir naquele tempo, saber sobre costumes e pensamentos daquela sociedade carioca da época.
Senhora retrata com bons detalhes os costumes, os casamentos arranjados, os preconceitos daquela sociedade e o modo de vida da burguesia carioca. É um romance urbano e repleto de frases impactantes. É um clássico da nossa literatura e vale a pena ser lido. Recomendo.

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